Diário do Mercado na 6ª feira, 31.03.2017
No final do 1T17, oscilações brandas na bolsa e juros, mas câmbio volátil com PTAX e swaps parciais
Resumo
O clima de acomodação na política monetária norte americana trazido por fala de dirigentes do Fed ao final da semana manteve o clima dos negócios brando no último dia do primeiro trimestre de 2017.
A oscilação das commodities como o minério de ferro e o petróleo juntamente com a elevação dos ruídos no front político doméstico mantiveram os investidores em dúvidas, que se refletiram nos mercados de bolsa e juros, enquanto o cambial foi volátil por conta da tradicional formação da PTAX ao término do mês.
Apesar da aparente retomada do ambiente econômico otimista em âmbito global, os agentes adentrarão o mês de abril com uma postura defensiva, preparando-se para surpresas advindas especialmente do exterior com o governo Trump e internamente com o cenário político.
Ibovespa.
Entre queda pela manhã e alta após o meio dia, mas ambos movimentos de pequena magnitude, o mercado acionário doméstico permaneceu alheio aos direcionadores macro. Na hora final, no entanto, com pressão negativa por conta da Vale e das ações do setor bancário a bolsa então cedeu.
O Ibovespa findou aos 64.984 pontos (-0,43%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,78 bilhões, sendo R$ 6,61 bilhões no mercado à vista.
No mês, o movimento inicial foi de deterioração do otimismo com o ambiente doméstico, que levou o índice a flertar com os 62.500 pontos, para então recuperar-se, em um movimento de “U”, aos 65 mil pontos. O ainda nebuloso panorama econômico doméstico, no entanto, mantém a luz amarela no painel dos investidores acesa.
Agenda Econômica
No Brasil, a taxa de desemprego na média móvel do trimestre findo em fevereiro situou-se em 13,2% segundo a PNAD Contínua do IBGE, elevando-se ante os 12,6% da leitura do trimestre anterior e vindo ligeiramente acima das projeções de mercado (13,1%).
No front fiscal, o resultado primário consolidado do setor público em fevereiro foi um déficit de R$ 23,5 bilhões. O dado, que reverteu o superávit registrado em janeiro foi considerado negativo ao vir pior do que as expectativas em R$ - 22,7 bilhões.
Ainda internamente, a atividade econômica (IBC-Br), indicador que serve como uma proxy do PIB apresentou uma variação de -0,26% em janeiro ante dezembro. No comparativo ante janeiro de 2016, a retração da atividade econômica foi de -0,79%, enquanto no acumulado dos último 12 meses, a contração da economia foi da ordem de 4%.
Já nos EUA, a inflação medida pelo Núcleo do PCE (Personal Consumption Expenditure), métrica mais acompanhada pelo Fed para a sua definição de política monetária avançou 1,8% em fevereiro no comparativo contra fevereiro de 2016.
O dado foi considerado positivo ao vir ligeiramente acima do consenso dos analistas e representar mais um passo em direção à meta do governo norte-americano em 2%, e corroborar o cenário de altas gradualistas dos juros por lá conforme sinalizado pelo Fed por conta da sua última definição em 15/03.
Câmbio e CDS.
Na parte da manhã o dólar operou em alta refletindo o resgate de R$ 6,6 bilhões do vencimento de swap cambial e de leilões de linhas, que foram rolados parcialmente, antes da formação da PTAX de março.
Após o evento, no entanto, a moeda norte-americana inverteu a mão e passou a ceder perante o real, contrariando a tendência vista ante demais moedas de economias emergentes e fechou a R$ 3,1280 (-0,57%) no interbancário. O CDS brasileiro de 5 anos, oscilava aos 226 pts ante 230 pts da véspera.
Juros.
Refletindo as parcas mudanças no tom dos mercados doméstico e no exterior, as taxas de juros futuras oscilaram predominantemente sem viés.
Para a próxima semana. Os destaques da agenda serão no Brasil a balança comercial e a inflação ao consumidor (IPCA) de março e a produção industrial de fevereiro, enquanto nos EUA figurarão os tradicionais indicadores de emprego na primeira semana do mês como o ADP e o Payroll (criação de vagas na economia norte-americana).
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamnto do mercado na 6ª feira, 31.03.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB INVESTIMENTOS